quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A Beleza Impossível

Por Ludmila R. Carvalho



Assisti a um evento na FSP, em que tive oportunidade de ouvir a exposição e comprar um livro da Rachel Moreno: “A Beleza Impossível”.
O livro, interessantíssimo, propõe uma reflexão acerca do ideal de beleza feminina, divulgado na mídia e introjetado nas mulheres que buscam incessantemente atingir esse ideal inacessível.
Traça uma breve história da beleza, apontando como cada aspecto e parte do corpo foram valorizados de formas diferentes, em momentos diferentes da história, bem como diferentes tipos de roupas e vestimentas. Mas, a partir do séc. XX, houve uma necessidade de unificação de gostos e padrões, tendo a mídia papel fundamental na pasteurização dos modelos e estilos de vida.
E então, a autora observa que na mídia apenas é possível observar mulheres jovens, brancas, magras, pele lisa, cabelos lisos ou levemente encaracolados e preferencialmente loiras. Mas quantas de nós nos parecemos com estas mulheres?
E aqui, falo um pouco de uma experiência recente que me fez refletir ainda mais sobre o tema. Para ilustrar um trabalho sobre sexualidade adolescente, fiz uma busca no Google por imagens de “casais adolescentes”, “jovens casais”, “namorados adolescentes”, etc.
Fiquei impressionada, pois apenas surgiram imagens de casais brancos, desse tipo físico padrão. Não contente, fiz a mesma busca, mas por “casais adolescentes negros” e assim por diante, e o que encontrei? Quase nada. A maioria das fotos não tinha nada a ver com a pesquisa, ou então trazia casais em que um dos dois era branco, além de surgirem conteúdos mais sexualizados.
Voltando ao livro, a autora também traz essa questão, questionando o lugar das negras nesse universo mediático, bem como das gordinhas, obesas e das velhas, já que padrão além de brano, magro, louro, é jovem.
Discute ainda a fragmentação do corpo feminino: o foco nos peitos, na bunda e a eterna reprodução dos estereótipos da mulher como objeto sexual, sedutora e submissa, e do homem dominador.
Enfim, é possível refletir, que apesar da intensa luta pela emancipação da mulher, apesar da liberação sexual e a revolução dos costumes, a mulher ainda se encontra refém de um ideal de beleza e vaidade. Isso porque a beleza vem se democratizando, estando ao alcance de todas, e com formas facilitadas de pagamento, e então, nessa lógica de “só não é bela quem não quer” a mulher que não tiver um mínimo de vaidade, ou tiver um corpo fora do padrão, é vista como “relaxada”.
Não há saída então?
A autora aponta algumas possibilidades, mas eu, um pouco mais pessimista, às vezes penso que não.



Sobre:
-A Autora:  Rachel Moreno é psicóloga e pesquisadora, é especialista em Meio Ambiente e Sexualidade Humana e Dinâmica do Movimento Expressivo. Ativista dos direitos das mulheres, autora do livro “A Beleza Impossível - Mulher, Mídia e Consumo" (Editora Ágora).
-O Livro: A Beleza Impossível: Mulher, Mídia e Consumo, Editora Ágora, São Paulo, 2008.

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