Assisti a um evento na FSP,
em que tive oportunidade de ouvir a exposição e comprar um livro da Rachel
Moreno: “A Beleza Impossível”.
O livro, interessantíssimo,
propõe uma reflexão acerca do ideal de beleza feminina, divulgado na mídia e
introjetado nas mulheres que buscam incessantemente atingir esse ideal inacessível.
Traça uma breve história
da beleza, apontando como cada aspecto e parte do corpo foram valorizados de
formas diferentes, em momentos diferentes da história, bem como diferentes tipos
de roupas e vestimentas. Mas, a partir do séc. XX, houve uma necessidade de unificação
de gostos e padrões, tendo a mídia papel fundamental na pasteurização dos
modelos e estilos de vida.
E então, a autora observa
que na mídia apenas é possível observar mulheres jovens, brancas,
magras, pele lisa, cabelos lisos ou levemente
encaracolados e preferencialmente loiras. Mas quantas de nós nos
parecemos com estas mulheres?
E aqui, falo um pouco
de uma experiência recente que me fez refletir ainda mais sobre o tema. Para
ilustrar um trabalho sobre sexualidade adolescente, fiz uma busca no Google por
imagens de “casais adolescentes”, “jovens casais”, “namorados adolescentes”,
etc.
Fiquei impressionada,
pois apenas surgiram imagens de casais brancos, desse tipo físico padrão. Não
contente, fiz a mesma busca, mas por “casais adolescentes negros” e assim por
diante, e o que encontrei? Quase nada. A maioria das fotos não tinha nada a ver
com a pesquisa, ou então trazia casais em que um dos dois era branco, além de
surgirem conteúdos mais sexualizados.
Voltando ao livro, a
autora também traz essa questão, questionando o lugar das negras nesse universo
mediático, bem como das gordinhas, obesas e das velhas, já que padrão além de brano,
magro, louro, é jovem.
Discute ainda a fragmentação
do corpo feminino: o foco nos peitos, na bunda e a eterna reprodução dos estereótipos
da mulher como objeto sexual, sedutora e submissa, e do homem dominador.
Enfim, é possível
refletir, que apesar da intensa luta pela emancipação da mulher, apesar da
liberação sexual e a revolução dos costumes, a mulher ainda se encontra refém
de um ideal de beleza e vaidade. Isso porque a beleza vem se democratizando,
estando ao alcance de todas, e com formas facilitadas de pagamento, e então,
nessa lógica de “só não é bela quem não quer” a mulher que não tiver um mínimo
de vaidade, ou tiver um corpo fora do padrão, é vista como “relaxada”.
Não há saída então?
A autora aponta algumas
possibilidades, mas eu, um pouco mais pessimista, às vezes penso que não.
Sobre:
-A Autora: Rachel Moreno é psicóloga e
pesquisadora, é especialista em Meio Ambiente e Sexualidade Humana e Dinâmica
do Movimento Expressivo. Ativista dos direitos das mulheres, autora do livro “A
Beleza Impossível - Mulher, Mídia e Consumo" (Editora Ágora).
-O Livro: A Beleza Impossível: Mulher,
Mídia e Consumo, Editora Ágora, São Paulo, 2008.
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