quarta-feira, 27 de julho de 2016

Homens, Mulheres, Relacionamentos




Por Ludmila R. Carvalho


Sabe aquelas frases que a gente sempre ouve? 


- As mulheres são assim mesmo!

- Esses homens, são todos iguais!


Você concorda com isso?

Por trás dessas frases está uma "divisão de papéis sociais", criada historicamente e culturalmente e a que gente continua só repetindo, sem, muitas vezes questionar
Esses papéis sociais são aprendidos culturalmente, e valorizam de forma diferente as atividades masculinas e femininas.
Também nessa divisão de papéis, são naturalizadas, ou seja, são vistas como "naturais" as diferenças entre homens e mulheres que vão além do corpo biológico.
Acredita-se que as funções dos homens e das mulheres na sociedade são como são porque fazem parte de uma certa natureza humana. Então os papéis de cada um e cada uma sempre foram assim, e continuarão sendo.


Mas não precisa ser assim. 

A naturalização dos papéis tal como é hoje, continua colocando a mulher num lugar secundário, em que depende, precisa do homem. Seja para sustentá-la, seja para protegê-la devido à sua natural fragilidade, seja para controlá-la em sua "natureza" histérica e desequilibrada.
E também exige aos homens uma ausência de sensibilidade, uma demonstração e provação constante de sua masculinidade.
Essas visões são entendidas como Estereótipos de Gênero, ou seja, uma generalização sobre o que homens e mulheres são e o como devem se comportar. Por exemplo, a ideia de que a mulher é frágil, e o homem é forte, de que homem não chora e mulher sensível.

Isso não é natural. Tudo isso é aprendido, desde cedo quando se veste as meninas de rosa e os meninos de azul. Quando os meninos ganham carrinhos e as meninas, bonecas. 

                           


Você acha que pode ser diferente? 
Qual é o nosso lugar nessa história? Aceitando ou questionando esses papéis?
E nossos relacionamentos como são? Eles reproduzem esses estereótipos ou não?

Mas a pergunta mais importante a ser feita é: Estamos felizes com isso?




quarta-feira, 20 de julho de 2016

Violência Médica

Por Ludmila R. Carvalho
Muito se fala da violência obstétrica, que é a violência vivida por mulheres antes, durante a após o parto. São várias as formas que essa violência pode se manifestar, desde a violência psicológica, até o desrespeito com seu corpo e suas escolhas.


(mais sobre violência obstétrica aqui e aqui)


Traçando um paralelo a essa questão, podemos identificar que pode existir violência na relação entre profissionais da saúde e pacientes em muitos outros momentos, em muitos outros procedimentos, em todas as especialidades.
Essa violência, que pode também ser reforçada pela violência de gênero, pela violência institucional, ou pelo racismo, é o reflexo do exercício do poder e da autoridade dos profissionais de medicina ao longo da história, que pode ser generalizado para outras especialidades como odontologia, fisioterapia, enfermagem, etc.

O paradigma biomédico, que restringe o corpo da (o) paciente a apenas um objeto, fragmentando-o para que seja observado apenas um pedaço e não o todo, foi importante para a evolução do saber médico, mas como consequência despersonalizou esse ser e acabou tornando a relação profissional-paciente mais fria e mecanizada.
Esse distanciamento faz com que a (o) profissional de saúde se esqueça por muitas vezes que está lidando com uma pessoa, que, minimamente, tem sentimentos, crenças, valores, e acaba não os levando em conta.
A falta de humanização e de ética na atuação da (o) profissional de saúde resulta, igualmente aos caso de violência obstétrica, em desrespeito aos desejos e escolhas da (o) paciente, desrespeito ao corpo dessa pessoa, além de violência psicológica.
Realizar procedimento SEM consentimento, (salvo os casos de inconsciência e de risco de morte, é claro!) é uma agressão. É violência.
Fazer terror psicológico para adesão a algum tratamento, ao invés de uma explicação clara e objetiva, é violência. 
Sugerir que a (o) paciente não sabe de nada, que não entende nada, que a (o) profissional é que tem conhecimento e é detentor da verdade, desconsiderando que a pessoa que mais conhece o corpo é a própria pessoa, é uma violência.






Ninguém conhece melhor o seu corpo que você mesma (o). Acredite!




Questione as (os) profissionais de saúde. Peça para que te expliquem seu diagnóstico até que você compreenda. Discuta os diagnósticos e as medicações, até que fique satisfeita (o).
Peça para que te expliquem todo e qualquer procedimento que será realizado, porque você não precisa levar sustos, ser pega (o) de surpresa para cuidar da sua saúde.

Seu corpo é seu e deve ser respeitado, por você mesma (o) e por qualquer profissional.
Isso é exercer o protagonismo também no que se refere ao cuidado com a saúde. Empodere-se!

E tem vídeo meu relatando uma situação desse tipo:




terça-feira, 5 de julho de 2016

Apropriação cultural?

Por Ludmila R. Carvalho

Bem, vou ser muito direta nesse post, e bastante subjetiva.
Eu, mulher branca, até pouco tempo atrás nunca tinha ouvido falar de apropriação cultural.
Quando ouvi pela primeira vez, desconfiei. Achei "exagero".
Mas como tudo na vida é preciso de tempo. Esse tempo passou, e não demorou muito para a minha ficha cair.
Portanto, venho nesse poste fazer um Mea Culpa.
Sim.

Porque acredito que, mais importante que promover o debate, é necessário refletir sobre seus próprios atos. E aqui reflito sobre os meus.
Não vou ficar explicando o conceito de apropriação cultural.
Primeiro porque há sites e blog incríveis que já o fazem, como ...

AzminaGeledésCapitolina, e o canal do youtube Afros e Afins

Segundo, porque não quero correr o risco de tomar o protagonismo de todo um movimento que merece respeito.
Quero falar do meu lugar, de branca, e portanto, de opressora.
Claro, porque todo branco é opressor ao negro, e toda mulher branca é opressora à mulher negra.

Não acredita?

Pense, por exemplo, numa entrevista de emprego, em que eu, branca esteja diputando a vaga com uma negra.
Imagine que nós temos as mesmas qualificações, o mesmo tempo de experiência na função, ou seja tenhamos perfis muito semelhantes.
Quais as chances dela, e as minhas?
Por isso sou opressora. Não porque quero, mas porque está dado na sociedade.
Não fico confortável com isso, e desejo muito que seja diferente.

Por isso, cada vez mais respeito o local de fala das pessoas, respeito a diversidade, e história de cada indivíduo. Admiro a luta e a resistência do movimento negro, e entendo que a apropriação cultural, ao contrário de trazer mais respeito, apenas enfraquece sua luta.
Então, reforço a importância de respeitar os elementos da cultura afro, das diferentes etnias, não fazer desses elementos apenas um objeto da moda, que passa a ser aceito, mas, se usado por brancxs. Enquanto os negros e negras continuarão a ser discriminados, de qualquer forma.


Nesse sentido, não tive como me questionar ao ver turbante sendo vendido no shopping, por mulher branca, para mulheres negras. 


E, onde fica a representatividade?

Essas mulheres estão comprando o turbante porque os identificam como algo de sua cultura, ou porque a mulher branca está usando?



Acompanhe também o canal do youtube, onde discuto esse e outros temas!