quarta-feira, 20 de julho de 2016

Violência Médica

Por Ludmila R. Carvalho
Muito se fala da violência obstétrica, que é a violência vivida por mulheres antes, durante a após o parto. São várias as formas que essa violência pode se manifestar, desde a violência psicológica, até o desrespeito com seu corpo e suas escolhas.


(mais sobre violência obstétrica aqui e aqui)


Traçando um paralelo a essa questão, podemos identificar que pode existir violência na relação entre profissionais da saúde e pacientes em muitos outros momentos, em muitos outros procedimentos, em todas as especialidades.
Essa violência, que pode também ser reforçada pela violência de gênero, pela violência institucional, ou pelo racismo, é o reflexo do exercício do poder e da autoridade dos profissionais de medicina ao longo da história, que pode ser generalizado para outras especialidades como odontologia, fisioterapia, enfermagem, etc.

O paradigma biomédico, que restringe o corpo da (o) paciente a apenas um objeto, fragmentando-o para que seja observado apenas um pedaço e não o todo, foi importante para a evolução do saber médico, mas como consequência despersonalizou esse ser e acabou tornando a relação profissional-paciente mais fria e mecanizada.
Esse distanciamento faz com que a (o) profissional de saúde se esqueça por muitas vezes que está lidando com uma pessoa, que, minimamente, tem sentimentos, crenças, valores, e acaba não os levando em conta.
A falta de humanização e de ética na atuação da (o) profissional de saúde resulta, igualmente aos caso de violência obstétrica, em desrespeito aos desejos e escolhas da (o) paciente, desrespeito ao corpo dessa pessoa, além de violência psicológica.
Realizar procedimento SEM consentimento, (salvo os casos de inconsciência e de risco de morte, é claro!) é uma agressão. É violência.
Fazer terror psicológico para adesão a algum tratamento, ao invés de uma explicação clara e objetiva, é violência. 
Sugerir que a (o) paciente não sabe de nada, que não entende nada, que a (o) profissional é que tem conhecimento e é detentor da verdade, desconsiderando que a pessoa que mais conhece o corpo é a própria pessoa, é uma violência.






Ninguém conhece melhor o seu corpo que você mesma (o). Acredite!




Questione as (os) profissionais de saúde. Peça para que te expliquem seu diagnóstico até que você compreenda. Discuta os diagnósticos e as medicações, até que fique satisfeita (o).
Peça para que te expliquem todo e qualquer procedimento que será realizado, porque você não precisa levar sustos, ser pega (o) de surpresa para cuidar da sua saúde.

Seu corpo é seu e deve ser respeitado, por você mesma (o) e por qualquer profissional.
Isso é exercer o protagonismo também no que se refere ao cuidado com a saúde. Empodere-se!

E tem vídeo meu relatando uma situação desse tipo:




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