Por Ludmila Carvalho
Ontem, vi no Jornal da Cultura uma matéria sobre a intolerância nas redes sociais, principalmente relacionada ao racismo.
Na matéria ressaltou-se que, nas redes sociais, 84 % das menções a temas sensíveis são negativas. Devido a um suposto anonimato, as pessoas expõem nas redes o ódio que não são capazes de admitir em público.
Ao debater o assunto, a Consulesa da França Alexandra Loras, refere que considera o Brasil um país muito racista, expressando o racismo que sofre diariamente no País. Ela lembra ainda da falta de representatividade da população negra, dos altos índices de mortalidade da população jovem e negra e também que, apesar das pessoas não se considerarem racistas, poucas tem amigos e amigas negrxs. Uma porcentagem muito menor certamente consideraria relacionar-se afetivamente com negrxs. Menos ainda trocar de lugar com uma pessoa negra.
Assista ao trecho do jornal aqui
O mais impressionante são os comentários, pois há pessoas, ainda, que não reconhecem o Brasil como racista.
Como assim?
Há ainda pessoas que acham que trata-se de vitimismo. Que nosso país não é racista. Que racismo, mesmo, acontece na África do Sul.
Identifico o racismo presente no dia-a-dia das pessoas, embora, por ser branca, não o sinta na pele.
Aliás, esse era o ponto que queria chegar:
Sou branca!
E sei que muitas pessoas criticam quando brancas e brancos falam sobre racismo. Eu entendo e respeito esse posicionamento, mesmo porque, quem melhor pode falar sobre racismo do que a própria pessoa que passa por isso?
Mas, também existe o lado opressor.
E, se uma pessoa do lado opressor (no caso eu - branca) se incomoda com o racismo que vê na sociedade e deseja uma sociedade diferente, o que ela deve fazer?
Levantar bandeira? Lutar? Sair por aí apontando o dedo para racistas?
Não!
De acordo com a própria Consulesa, a pessoa racista não se reconhece como racista.
E é aí, ao meu ver que está a questão central, já que por isso mesmo, as pessoas em geral acreditam que o racismo não existe.
Portanto, o melhor a fazer é reconhecer o racismo que existe em nós, brancos e brancas. É necessário o exercício e reflexão sobre nossas atitudes no dia-a-dia. É preciso por a mão na consciência e perceber que somos, sim, racistas.
Aí, a partir disso, poderemos começar a sonhar com um País diferente.
Elaborei, dessa vez, um vídeo, em que faço esse exercício de reflexão sobre minhas possíveis atitudes racistas, ao longo da vida...